Programa governamental reduz índice de 18% para 8%.
ASSUNÇÃO,
Paraguai – Agustina, que comemorou recentemente seu primeiro
aniversário, teve a sorte de obter sua certidão de nascimento logo ao
nascer. Um “privilégio” que nem todos que vivem nas zonas rurais de seu
país têm.
Nascida
no Centro Materno-Infantil de San Lorenzo, a 12 km da capital,
Assunção, a menina teve sua certidão de nascimento emitida recentemente
pelo Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais do Ministério da
Justiça e do Trabalho.
“É
importante contar com a documentação para ter acesso a vários serviços
públicos e privados, porque sem os papéis não se pode fazer nada hoje
em dia", afirma a mãe de Agustina, Mercedes Romero, de 29 anos.
Néstor
Stelatto, diretor geral do Cartório de Registro Civil de Pessoas
Naturais, revela que cerca de 500.000 dos 6,3 milhões de habitantes do
Paraguai não possuem certidão de nascimento.
“Isso
quer dizer que, para o Estado, essas pessoas não existem", explica
Stelatto. “Como consequência, não têm acesso aos serviços que o governo
oferece, pois não estão documentadas.”
Aqueles
sem certidão de nascimento não podem receber a tão importante cédula
de identidade, que é emitida pelo Departamento de Identificação da
Polícia Nacional.
O
governo tem conseguido diminuir consideravelmente o índice de
sub-registros no país através do lançamento de seu programa mais famoso,
“Incluindo as Pessoas pelo Exercício de seu Direito à Identidade”.
“Desde o início deste
governo em agosto de 2008, conseguimos emitir certidões de nascimento a
cerca de 300.000 pessoas”, informa Stelatto. “Naquele ano, o
sub-registro afetava 800.000 pessoas. Conseguimos reduzir o índice de
18% para 8% em todo o país.”
O
ministro da Justiça e do Trabalho, Humberto Blasco, ressalta que é
fundamental que todo paraguaio possua uma cédula de identidade, que é
exigida para obter emprego, moradia, assistência médica e empréstimos.
“O
direito à identidade é um dos direitos humanos mais elementais, mas
infelizmente, em nosso país, ainda há muitos compatriotas que não têm
acesso a esse serviço", lamenta.
Sediado
no bairro do Hipódromo, em Assunção, o Registro Nacional cuida de
trâmites de documentação para uma média diária de 1.200 moradores,
gratuitamente, informou Stelatto.
"Mudamos
o sistema”, acrescentou. “Antes, as pessoas tinham que comparecer aos
nossos escritórios. Agora, a instituição vai a localidades mais remotas
para documentar as pessoas que não foram registradas.”
Sob o novo sistema, o serviço, com suas 488 filiais pelo país, registrou mais de 15.000 indígenas como cidadãos paraguaios.
“Pela
primeira vez em sua história, o Registro Civil conseguiu documentar
indígenas e os alcançamos em 7 meses", comemora Stelatto.
O
estudo “Déficit no Registro de Crianças 1992-2002”, divulgado em 2007
pela ONG Plan Paraguai, indica que a taxa de sub-registro no país foi
de 35% naquela década.
Entre
2001 e 2005, 32% da população não possuía o Certificado de Nascido
Vivo, um documento emitido por hospitais e exigido para obter a
certidão de nascimento, segundo o mesmo estudo.
Em
2007, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) declarou que
uma em cada seis crianças latino-americanas não existe legalmente
porque não foi registrada oficialmente ao nascer.
“A
meta do governo é chegar a um nível tolerável de 1% de sub-registros
até 2013”, informa Stelatto. “Acreditamos que podemos atingir essa meta
através deste programa emblemático.”
O
mais recente censo no Paraguai, realizado em 2002, mostrou que cerca
de 1,6 milhão de pessoas não possuíam cédula de identidade.
Mas
Eliseo Báez, diretor do Departamento de Identificação da Polícia
Nacional, afirma que esse número diminuiu. E continuará diminuindo, pois
o departamento conta com 44 escritórios regionais pelo país e 5
unidades móveis para servir à população de áreas remotas.
“Posso
afirmar que, desde a ascensão deste governo, mais de um milhão desses
documentos foram emitidos e ainda existem também um milhão de
habitantes sem cédula de identidade", declarou Báez. “Naturalmente, se a
pessoa não está inscrita no Registro Civil e não possui certidão de
nascimento, não poderá obter a cédula de identidade. Por isso, nossa
instituição está trabalhando junto com o Registro Civil.”
Fonte: Site Infosurhoy
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